Alguns grandes mitos da alimentação (desmistificados)

A nutrição é uma área que tem vindo a ganhar destaque no últimos anos e, com a consequente generalização dos conselhos, alguns mitos têm vindo a ser difundidos. Quando se trata de nutrição e saúde, é importante procurar conselho junto de profissionais credenciados, ao invés de nos guiarmos por sites pouco recomendáveis na internet. Vamos então desmistificar a nutrição?

I. Dietas alcalinas: será assim tão básico?

As dietas alcalinas têm sido promovidas como sendo uma forma de prevenção de inúmeras doenças, tais como cancro, obesidade, etc., tendo como base a premissa de que as doenças se desenvolvem em meio ácido, sendo que o estilo de alimentação ocidental moderno tem um efeito acidificante no organismo. No entanto, a influência da dieta no pH não é tão linear, uma vez que pode promover a alteração do pH urinário mas não altera o pH sanguíneo, o que deita por terra a teoria de que se poderia alcalinizar o organismo por forma a prevenir patologias. Ainda com necessidade de ser estudado, apenas qual a possível influência em cancros do trato urinário, dada a capacidade de alterar o pH da urina, no entanto não existe qualquer influência da dieta alcalina em patologias ou no emagrecimento.

II. Precisas mesmo de te desintoxicar?

A verdade é que não existe suporte científico para as dietas Detox. Os estudos que existem, carecem de robustez, nomeadamente por serem realizados em animais ou por não referirem que toxina se propõem a remover do organismo. Por isso não podemos extrapolar para os humanos de forma crua. O nosso organismo dispõe ele próprio de mecanismos internos de desintoxicação através de sistemas e órgãos internos, nomeadamente o fígado e os rins, pelo que a melhor opção é mesmo optar por uma alimentação equilibrada e que forneça todos os nutrientes necessários ao bom funcionamento do nosso corpo.

III. Glúten: o bicho papão dos cereais!

O glúten é uma proteína de baixa digestibilidade que pode ser encontrada em diversos cereais. A sua exclusão é indicada para pessoas com intolerância ao glúten, doença celíaca e outras sensibilidades não celíacas. No entanto, a literatura científica não suporta a exclusão do glúten em pessoas sem essas patologias, bem como não encontra causalidade entre o não consumo desta proteína e o emagrecimento. No entanto a internet é peremptória em afirmar que para emagrecer o glúten tem de ser retirado da dieta. Deve colocar as coisas em perspectiva: emagrece porque retira o glúten ou porque diminui drasticamente o consumo de pão, massas e outros alimentos que o contêm?

IV. Desse leite não beberei…

Nos últimos anos o consumo de leite tem vindo a diminuir, quer pela incidência de (autodiagnosticada) intolerância à lactose quer pela crença de que o consumo de leite pode levar ao desenvolvimento de doenças a poder do tempo. Será que a ciência vai em conformidade? Uma meta-análise de Goede et al. mostra que não só o leite não aumenta o risco de ataque cardíaco como pode até diminuir este risco, bem como segundo Alexander et al. está associado a menor risco de doenças cardiovasculares. Assim sendo, embora eticamente possa querer deixar de consumir leite, a nível de impacto na saúde não há razão para o fazer, a não ser que seja diagnosticado com intolerância à lactose ou alguns tipos de doenças gastrointestinais como sindrome do intestino irritável (em que apenas é necessário excluir as versões com lactose).

Nota. Este artigo é da autoria da nutricionista Tânia Carreira, com a cédula profissional 3313N. Quem a quiser encontrar para aconselhamento nutricional pode dirigir-se ao Fitness Factory em Moscavide ou entrar em contacto através do seu Facebook.
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