Sobre assédio e correr sozinha (com conselhos da GNR)

Vais correr sozinha? Tem cuidado. Quantas vezes não ouvimos esta frase? Sinceramente, já perdi a conta ás vezes, mas é o normal. ISTO NÃO DEVERIA SER NORMAL. Não é, mas por aceitamento geral, temos a noção de que correr sozinha pode acarretar alguns perigos inerentes.

Ir correr sozinha, para mim, é:

1.Ter oito olhos: dois á frente, dois de cada lado e dois atrás.

2. É ter o telemóvel com o número do meu marido ou da minha irmã à mão, não vá acontecer o pior e já não tenha tempo de ligar a ninguém.
3. É partilhar a minha localização em directo com alguém de confiança para saber onde ando, caso demore mais tempo do que o normal.
4. É tirar os phones dos ouvidos por momentos para ouvir se há movimentos suspeitos.
5. É dizer a essas pessoas que percurso é que vou fazer, para saberem por onde passei caso… aconteça qualquer coisa.
6. É deixar de ir correr à noite porque… É escuro e pode acontecer alguma coisa.
7. É dar a volta quando sentimos que um carro suspeito se aproxima e afrouxa a marcha.
8. É ter que ouvir buzinadelas e “com sorte” ter que ouvir um “bom dia princesa” para juntar à festa (eu não estou a inventar nada, nem a exagerar. Isto aconteceu ontem (por exemplo) ao pé da Praia das Paredes, em Leiria)

Parece que sinto uma obrigação extra de pronunciar-me sobre este tema agora, tendo em conta o caso da rapariga espanhola que foi correr e acabou morta.

Este blogue fala de vida activa, de desporto, é um blogue que incentiva não só as mulheres como os homens a fazer desporto e a libertarem o seu corpo e a sua mente através do desporto. Mas uma coisa é certa: neste aspecto as mulheres não são livres.

E muito sinceramente, acho que antes de as mulheres se sentirem totalmente livres, o mundo vai acabar. Não é uma perspectiva negativista. Baseando-me nos factos, naquilo que eu própria sinto quando corro sozinha… 

Não invento, não exagero, não mal interpreto.

Eu penso que os homens que fazem isto (sim, são sempre homens) não têm realmente a noção da sensação de incómodo que estas acções provocam nas pessoas (neste caso, nas mulheres).

Além de medo, sinto uma total invasão da minha privacidade e do meu momento. Mesmo que eu tenha os phones nos ouvidos, porque nunca corro sem música, há momentos em que os tiro para ouvir o que se passa à minha volta (se há movimentos estranhos ou não).

E não posso deixar de me sentir assustada quando acabo a escrever este post com o coração a mil, e a dar-me conta de tudo o que eu faço quando vou correr, sem pensar. Lá está, já é “tão natural” que eu nem tinha consciência da quantidade de tarefas/deveres inconscientes que faço antes de ir correr sozinha. Sei que há muitas mulheres que vão entender o que quero dizer.  Gostava de saber o que pensam.

Conselhos de uma militar da GNR:

Segudo R.Fernandes, em casos de agressão ou tentativa de, “carros suspeitos devem ser denunciados as autoridades para que fiquem com registo e sempre que haja contacto físico ou visual com quem o faz (suspeito) a vítima deve ter o mesmo tipo de atenção a certas características que o identifique.

A pessoa deve reter o que vê:
  • Cor do carro
  • Marca
  • Modelo (nem que seja características)
  • Matrícula (se possível nem que seja dois ou três números/ e as letras)
  • Tatuagens
  • Roupa
  • Estatura
  • Cor do cabelo
  • Algo que seja útil

A militar da GNR, estes são os pontos principais a reter. “Pela minha profissão relembro que isto e das coisas mais importantes para que se consiga identificar alguém em casos mais graves”. Ela aconselha ainda “a manter a calma” e sempre que possível ulizar as aplicações de localização em directo.

Este post foi escrito pela primeira vez em 2018, mas hoje, em 2020 voltei a retificá-lo.

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