Falar de Madrid é ficar com os olhos a brilhar. É recordar velhos tempos que não me fazem arrepender de nada. Tempos onde me diverti muito, conheci a muita gente que vale a pena e que me ensinou muito, onde cresci e aprendi um idioma que sempre quis aprender mas que não tinha tido oportunidade de o fazer antes. Tendo em conta que fui para Madrid com 19 anos, também não houve muito tempo para aprender espanhol muito bem. Fiquei com umas “noções” no primeiro ano da Universidade, mas cheguei a Madrid a perguntar: “Donde FICA o museu Reina Sofia?”.
Ok, para quem são sabe, o verbo Ficar não existe em espanhol, por isso era normal que em Madrid não me entendessem, porque normalmente aqui são mais fechados com os idiomas, o que não acontece tanto noutras partes de Espanha.
Madrid é uma rebelde que se abre como uma porta a quem queira entrar nela
É uma cidade fácil onde qualquer um pode ser feliz, ainda que não tenha mar. Madrid tem vários “mares”, só é preciso descobri-los. Madrid é a cidade viva que não dorme. É a cidade onde sempre me senti querida e segura à noite. Madrid é fiesta mas também é cultura. Sede de cultura, de aprender e de se relacionar. Madrid são relações sociais a cada instante. São cañas em cima das mesas da esplanada a toda a hora. Com sorte, acompanhadas de batatas fritas e de azeitonas verdes. São gin tonics nas mãos dos madrilenhos no bairro da Latina aos Domingos à tarde, são cinemas com filmes em versão original. É vontade de onda cultural. Madrid guarda sempre um bar para ti, mesmo à última hora da noite e a meio da semana. E ela acorda sempre radiante, sem sinais de ressaca.
Desta vez vi um Madrid mais cosmopolita e ainda mais aberto, talvez pelas influências políticas que a cidade tem agora (e que não tinha quando estava eu a viver aqui).
Bairro de Lavapiés
Tive a oportunidade de viver durante uma semana num bairro que desconhecia e que apenas tinha passado uma vez mas que já nem me recordava: o bairro de Lavapiés. Toda uma lufada de ar jovial, multicultural, que tem o pormenor de ser uma das zonas mais cosmopolitas de Madrid. Aqui podemos ver bares e restaurantes de paquistaneses, indianos, chineses, senegaleses… Uma mistura que se transforma num todo muito agradável e curioso de ver e viver.
Passeei pelo Rastro, Atocha e Calle Montera, Fuencarral e Retiro, Sol e Tirso de Molina “y como no”, Malasaña
(Quase parecia o começo de uma música de Joaquín Sabina). Recordei o meu antigo bairro de Malasaña, onde vivi durante um ano e meio. Para quem não conhece, é um dos sítios “mais cool” de Madrid, mais alternativos e cheios de estilo onde podes começar o dia a tomar um pequeno-almoço numa esplanada super IN e acabar a noite no bar mais na moda. É onde podes alugar DVDs e sentar-te a comer um hamburguer super mega healthy e um smothie igualmente saudável e cheio de vitaminas. É onde podes comprar pipocas de cores e muffins que nem apetecem ser comidos de tão bonitos que são.
E enganem-se quem pensa que em dez dias consegui fazer tudo aquilo que queria. Ficou por visitar a Casa da Tortilla, em Bilbao e a filmoteca de Lavapiés, o cinema Doré, ao que não fomos porque quando tínhamos algum tempo para o fazer, não havia filmes que nos convencessem demasiado. Mas Madrid nunca será a última vez. Voltarei sempre que puder.
Madrid é a cidade mulher-menina que nunca me desilude e que será para sempre a minha cidade do coração.