A resposta mais óbvia seria “sim”, mas antes de responder convido-vos a fazer uma reflexão comigo. Isto é um tema que já há muito tempo que queria falar aqui no blog porque tem muito que se lhe diga, sobretudo numa época em que se fala de amor próprio, da “mulher real”, e sorrisos forçados por frases feitas (mesmo que não tenhamos vontade de sorrir…)
Temos mesmo de nos aceitar num determinado momento, se isso não for verdade?
Na minha opinião? Nem sempre.
Ninguém pode estar bem a forçar-se gostar de si próprio se isso não for verdade. E por muitas mensagens ou frases motivadoras… Olhar para o nosso corpo com olhos de amor só porque “é obrigatório”, porque “deve ser assim”, é no mínimo contrapruducente para consigo mesmo.
Quando eu tinha 60 quilos (eu meço 1,62m) a minha avó dizia que estava muito bem assim. E os meus pais também! Estava maravilhosa, roliça (ai isso estava!). No meu caso concreto, não foi que não gostasse de mim. Nunca cheguei a ter uma relação de “ódio” ou “desrespeito” pelo meu corpo.
Mas cheguei a um momento em que olhei para mim e convictamente sabia que algo tinha de mudar (até porque as calças que me serviam começavam a rasgar entre as pernas, e isso nunca tinha acontecido até então), facilmente me vinha abaixo, sentia-me muitas vezes triste e sem energia…
Claro que é sempre melhor gostarmos de nós próprios tal como estamos do que entrar em radicalismos ou provocar certas patologias alimentares. Eu não estou a falar necessariamente de perder peso. Estou a falar da opção de mudar as coisas que não gostamos. E MUDAR não tem de ser uma coisa má. Não é, mesmo!
Nem tudo se resume ao peso!
Há seis ou sete anos não me sentia tão ágil, tão forte nem tão feliz como hoje em dia. E olhem que não foi preciso pesar-me para sentir isso. Eu SENTIA que alguma coisa tinha de MUDAR, e pus isso na cabeça. E fui com tudo!
Muitas pessoas lutam contra a balança. Pesam-se vezes sem conta. Chegam a pesar-se várias vezes num dia. E penso eu… Poucas coisas devem ser mais agoniantes. Essa luta pode muito cruel. No meu caso particular: precisava de estar forte e mais activa, não só de emagrecer!
“Aceita-te como és”
Para esclarecer, as frases feitas não são algo que me encante. Mas esta – especialmente – é muito comodista. É muito bonito dizermos “Aceita-te como és” quando estás em paz, feliz contigo e também com o teu físico. Eu nunca defendi nem propaguei essa ideia no blogue nem ao meu redor, porque acho totalmente condescendente.
É mais importante aceitarmo-nos ou procurarmos o melhor para nós, mesmo que isso implique MUDAR?
Não podemos pedir ou exigir a alguém que se sinta bem consigo mesmo se essa pessoa não sente isso. Se fizermos isso, não só estamos a infantilizar como também estamos a convidar a pessoa ao conformismo.
As pessoas devem entender que a maior prova de amor próprio que se podem dar é tentar perceber o que é melhor para elas. Tanto se decidem ficar como estão ou se estão dispostas a trabalhar por melhorar o seu físico e também o seu espírito.
dora matos
Aceitação corporal é admitir que a tua forma física (seja ela de muito ou pouco peso) não te completa e precisas de mudar, conscientemente e com saúde! Sem tentar copiar a forma física de ninguém porque todos somos diferentes. Querer mudar não é mau. É sinal que tens amor próprio, faz bem à saúde.
A ditadura do “Corpo de Mulher Real” é tão ditadura como o “Corpo Perfeito”.
Não existe “a mulher real”. Porque se houvesse só “um tipo de mulher real” seguiríamos a mesma ideia de “ditadura de corpo perfeito” que se faz através das fotografias publicitárias, passarelas ou revistas de moda.
A mulher real são várias mulheres reais. A mulher real não tem de ser – obrigatoriamente – a mulher com estrias, com celulite e com gordura na barriga. A mulher real não tem de ser de nenhuma forma concreta porque isso a condena e lhe retira toda a liberdade de escolher como quer ser.
E a mulher (ou o homem) tem toda a liberdade do mundo para escolher se quer ficar sentada no sofá a comer pipocas e não se mover, ou de ir ao ginásio três vezes por semana porque essa mudança a faz mais feliz. Essa também é a mulher real.
E tu, como responderias a esta pergunta?
todas temos um plano perfeito